Introdução ao Caso
Fazer o Download da RevisãoHomem de 77 anos, ex-taxista, relata cansaço há cerca de seis anos: inicialmente, para aclives e escadas e, atualmente, para a cada 30 metros andando no plano. Há alguns anos, tosse diariamente com secreção clara. De duas a três vezes no ano, seus sintomas pioram (“Gripo muito”). No ano anterior, foi tratado com antibióticos em duas dessas ocasiões; na última, chiou muito, teve purulência do escarro, exigindo internação hospitalar e uso temporário de oxigênio.
É ex-tabagista de 75 maços-ano (30 cigarros/dia por 50 anos); parou há três anos. Sem história de asma prévia ou atopia. Usa Losartan 50 mg, Sinvastatina 20 mg e Escitalopram 10 mg MID. Faz dieta por intolerância à glicose. Pai faleceu de infarto, mas tinha enfisema.
Ao exame físico, observam-se sinais de hiperinsuflação pulmonar difusa, sons respiratórios e cardíacos moderadamente reduzidos e saturação de oxigênio de 91%. Sem outras alterações significativas.
Os seguintes exames foram realizados:
1. Exames gerais:
– Laboratório: hemograma normal (60 eosinófilos/mm3 ou 1%), assim como provas de função hepática, renal e lipidograma. Glicemia de jejum de 102 mg%.
– ECG: alterações difusas e inespecíficas da repolarização ventricular.
2. Espirometria/ Teste de caminhada de seis minutos (TC6M).
3. Radiografia de tórax.
Discussão do Caso
Análise das Perguntas
Pergunta 01:
Dispnéia progressiva, tosse produtiva e chiado, associados aos achados de hiperinsuflação pulmonar e saturação baixa de oxigênio em ex-fumante são característicos, embora não exclusivos de DPOC. A definição de bronquite crônica é clínica: tosse produtiva por pelo menos três meses no ano em dois anos consecutivos. Tipicamente, a doença combinada de fibrose e enfisema é diagnosticada através da presença de fibrose nas bases e enfisema em regiões superiores do pulmão à tomografia computadorizada de tórax, associada a alterações gasométricas e sintomas desproporcionalmente mais intensos que as alterações espirométricas (em geral, doença leve). Algumas vezes, podemos encontrar reversibilidade parcial da obstrução ao fluxo aéreo (asma) em testes funcionais. A exclusão do diagnóstico de bronquiectasias (dilatações definitivas de brônquios/bronquíolos) se faz através de tomografia computadorizada de alta resolução do tórax.
Pergunta 02:
O diagnóstico da DPOC é funcional e feito através da espirometria. A radiografia de tórax habitualmente reforça o diagnóstico, mas pode ser normal; é útil na exclusão de outros diagnósticos. O teste de caminhada de seis minutos (TC6M) não está habitualmente indicado na doença leve: a oximetria nos fornece informações iniciais suficientes. Também a tomografia computadorizada de tórax não está de regra indicada na avaliação inicial do paciente.
Pergunta 03:
Tanto a reabilitação pulmonar quanto a vacinação são indicações muito importantes na abordagem não farmacológica da DPOC. O tratamento medicamentoso se apoia no uso de broncodilatadores inalatórios e os corticosteroides orais ou inalatórios têm indicações bastante restritas.